CASULO DE MALHOA

 

Três "C's" guiam a Candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura

fevereiro 09, 2022

RECONHECER, RELIGAR, TECER”, CUIDAR, IMAGINAR, SUSTENTAR: os eixos que vão mostrar à Europa um território cultural comum!

A Rede Cultura 2027 convocou no sábado, dia 5 de fevereiro, às 14h30, na Sala do Capítulo do Museu de Leiria, todos os agentes culturais do território envolvidos na candidatura a Capital Europeia da Cultura. O momento, além de lançar a convocatória municipal da Rede Cultura para o ano de 2022, partilhando os resultados alcançados com os projetos que foram selecionados na primeira convocatória, apresentou os eixos que vão orientar o trabalho cultural, neste ano verdadeiramente “CCCapital” para a Rede Cultura 2027 e para a Candidatura a Capital Europeia da Cultura que dela emana. O momento contou com a presença, entre outros, de Maria Vlachou, diretora da associação Acesso Cultura, de Samuel Silva, jornalista vimaranense, de João Bonifácio Serra, presidente do Conselho Estratégico Rede Cultura 2027, e de elementos da equipa redatora do Bid Book (Ana Bonifácio, Lígia Afonso, Teresa Andresen).

Coube à vereadora da cultura da Câmara Municipal de Leiria, Anabela Graça, abrir a sessão, enaltecendo o trabalho associativo forte que existe no território, refletido nas mais de 90 candidaturas recebidas na anterior convocatória. “Acreditamos que o associativismo pode acrescentar valor, com mais formação, com mais capacitação, com mais momentos como este”, adiantou. A vereadora espera que muitos mais concorram a esta edição e é expectável que a 4 de abril o processo de seleção esteja concluído. “Queremos estar na linha da frente porque a cultura é um fator de coesão do território. Somos 26 a acreditar num território comum”, rematou.

 

Samuel Rama, membro do Conselho Estratégico da RC2027, deu o mote para o momento do C de CONVOCAR.

Os convocados da edição anterior não quiseram deixar de partilhar a sua experiência. Para Pedro Oliveira, d’ O Nariz – Teatro de Grupo, com o projeto: O Rei que nunca foi Rei, “foi entusiasmante cativar a população e um desafio imenso percorrer tantos municípios com a partilhar com a população”. Já Raquel Gomes, da Sociedade Artística Musical dos Pousos, responsável pelo projeto, Palco em Casa, é de realçar a “cumplicidade que se criou com os habitantes das aldeias mais isoladas do território” e a ação foi de tal forma bem-sucedida que já está em marcha um Palco em Casa 2, suportado pelos municípios e pelo programa Portugal Inovação. A Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura teve André Camponês a falar sobre o “Baile dos Pastorinhos”, que partilhou o “carater inclusivo” do projeto, que chegou a mais de 1 milhão de crianças. Hugo Ferreira, da CCER Mais – Cooperativa para a Criação e Promoção Cultural, Educacional, Marketing e Intervenção Social, Cooperativa de Responsabilidade Limitada, com o projeto: Surma – II, encerrou as apresentações das convocatórias, sublinhando “o espírito colaborativo que o projeto despoletou” e “o orgulho que será ter a insígnia da Rede Cultura impressa em todos os suportes que vamos ter gravados na rua”.

 

C de CANDIDATAR

“Essa é a característica que é o nosso traço comum: o ADN de transformar o que temos”. A frase de Ana Bonifácio, da equipa redatora do BidBook, acerca da força da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura, foi uma das que mais marcou o encontro decorrido no passado sábado, dia 5 de fevereiro, na Sala do Capítulo do Museu de Leiria, no qual a Rede Cultura 2027 deixou sair mais do conteúdo do livro de candidatura, apresentado em novembro de 2021 e que será defendido a 9 de março.

Com o lema “Curar o comum”, o documento desenvolve-se segundo os eixos “Reconhecer”, “Religar”, “Tecer”, “Cuidar”, “Imaginar” e “Sustentar”. “Queremos demonstrar à Europa que conseguimos construir aqui um espaço cultural comum. E que queremos fazê-lo com parceiros europeus”, disse Teresa Andresen.

Para Lígia Afonso, outra das redatoras do BidBook presente no evento, o projeto da Rede Cultura 2027 quer “um novo modelo de governança para a cultura”, com “um programa aberto, no qual onde apenas as ideias estão definidas, sendo depois desenvolvidas pelos agentes no território”. “Eles, os agentes culturais, existem, têm capacidade inequívoca, são o ‘core’ da candidatura e só temos de trazer isto para o palco”, referiu.

“Temos cá tudo”, sublinhou Ana Bonifácio, acrescentando que “temos a prática material – e temos a promessa de que não vamos construir infraestruturas novas, não se vai fazer ‘o pavilhão’ como se fez em tempos – e vamos trabalhar as preexistências e isso é tudo o que é público”, desde os espaços culturais convencionais, às praças, os coretos, as habitações particulares ou “os oito mil quilómetros de trilhos, desde Sicó a Montejunto, passando por Aire e Candeeiros, até às praias, transversalmente”.

Outra preexistência do território é “um ADN de quem não fica sentado. Essa é a característica que é o nosso traço comum: o ADN de transformar o que temos”, disse. “Neste momento, nós não temos nevoeiro à nossa frente”, rematou.

O coordenador da candidatura, Paulo Lameiro, lembrou que ainda decorre a competição, mas avançou que um dos trunfos principais de Leiria envolve o “Menino do Lapedo”, também conhecido por “Criança do Lapedo”, um esqueleto com cerca de 29 mil anos, encontrado em 1998 no Abrigo do Lagar Velho, em Santa Eufémia, a cerca de dez quilómetros de Leiria.

Em conjunto com os vestígios de dinossauros do Bairro, no concelho de Fátima, e da Lourinhã, e do “crânio da Aroeira”, encontrado em Torres Novas e que remete para “o primeiro homem no nosso território”, o “Menino do Lapedo” acentua “a ideia de tempo longo – ‘slow life, slow cities’ -, uma outra forma de habitarmos este espaço”, que é uma das motivações do projeto liderado por Leiria, de acordo com a candidatura.

Coube ao presidente do Conselho Estratégico Rede Cultura 2027, João Bonifácio, lembrar a experiência de Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012, e fazer a ponte com Leiria.

 

C de Curar

Curar o Comum pela Cultura, na Cidade, com Intervenção de Maria Vlachou. A Diretora da Acesso Cultura, com a reflexão “Porque fazemos o que fazemos em Cultura?, partilhou com os presentes conceitos que orientam a sua atividade, deixando alguns alertas como “programar não é colecionar eventos” e “temos que aprender a ouvir, a sermos curiosos, a dar tempo e ter tempo para estarmos juntos, para pensarmos”. “Temos que ter tempo para fazer coisas com amor porque é isso que nos torna uma comunidade”, rematou.

 

A sessão terminou com o desafio aos presentes para fazerem percursos paralelos a pé com agentes culturais da Rede Cultura 2027, e apresentarem impressões sobre os 6 eixos: Reconhecer, Religar, Cuidar, Sustentar, Tecer, Imaginar.

 

 VIDEO DO EVENTO: https://www.facebook.com/Redecultura2027/videos/514870219951047

Edifício associado à estadia do pintor José Malhoa em Figueiró dos Vinhos e onde faleceu em 26 de Outubro de 1933.
Atraído pelo convite do seu antigo mestre José Simões de Almeida Júnior (tio), José Vital Malhoa chegou Figueiró dos Vinhos por volta de 1883 e encantou-se pelos horizontes longínquos, as serranias, a cor dos campos e costumes, descobriu modelos para as suas pinturas e motivos para o seu projeto artístico. Aqui mandou construir esta casa, cuja planta é composta por dois corpos retangulares articulados em “T”. O corpo mais baixo, originalmente de um só piso corresponde à pequena casa térrea inicial que Malhoa ali mandou construir, possivelmente no ano de 1895.
Mais tarde, em 1898, sob traçado de Luiz Ernesto Reynaud, foi acrescentado um novo corpo, transformando-a numa verdadeira casa, onde a primitiva pequena casa é transformada no atelier de trabalho do Pintor, recebendo uma grande claraboia de ferro e vidro sobre a cobertura, há muito já desaparecida Destaca-se, no seu interior, a pequena sala de jantar aberta para a varanda alpendrada, onde as paredes são revestidas a pergamóide, imitando couro lavrado e as duas sobre-portas exibem frisos floridos em tela pintada a óleo, originais do pintor António Ramalho Júnior. A mesa de jantar e possivelmente o candeeiro da sala serão ainda peças sobreviventes do tempo do Pintor. O teto, em madeira, apresenta uns pequenos nichos que teriam pequenas obras de pintores amigos de Malhoa, entretanto desaparecidas.
Após a reabilitação de 1985, os nichos foram preenchidos com novas obras, produzidas e oferecidas por professores e alunos da Escola de Belas Artes de Lisboa. No jardim existe ainda o antigo caramanchão e um banco, ambos em ferro e contemporâneos do Pintor, e um lago ao gosto da época.

 

 

“O Casulo” de Malhoa é também o ponto de partida do percurso “Uma Volta à Vila, à Volta dos Quatro Artistas”.

Aqui poderá visitar uma exposição*, enriquecida com alguns objetos pessoais deste artista, que lhe permite ficar a saber mais sobre a casa e que revisita a vinda para Figueiró dos Vinhos de José Malhoa (1855-1933) e Henrique Pinto (1853-1912), dois pintores do Grupo do Leão, aqui trazidos a convite do Mestre e amigo José Simões d´Almeida Júnior (1844-1926), nascido em Figueiró, tal com o seu sobrinho José Simões d´Almeida (sobrinho) (1880-1950).

Ver o Casulo por fora é observar o resultado de sucessivas alterações que este sofreu na sua adaptação a residência privada após a venda em 1937.

O Busto de José Malhoa, do escultor caldense António Duarte (1912-1998), localizado já fora dos muros do Casulo, é também digno de nota. Originalmente colocado no Jardim Parque em 1956, foi trazido para a sua atual localização três décadas depois.

Solicite a visita no Museu e Centro de Artes.

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